sábado, 24 de outubro de 2009

Capítulo 1 ( parte 1)

Enquanto olhava o céu, via a chuva cair no horizonte e um arco-íris se formando do outro lado. Um momento típico em dias finais de inverno. Sentia um friozinho na barriga, eram os momentos finais naquele lugar, meu porto seguro dos meus dias de deprê.
- Vamos, está na hora! - disse tia Flórida
- Estou indo - disse, com profunda tristeza em minha voz.
Comecei a sentir lágrimas escorrerem de meu rosto, e a depressão me puxando novamente para aquele buraco. Mas resisti, tinha que parecer forte para todos lá fora. Meus ursos, sonhos, minhas amigas iam ficando para trás. Sabia que depois jamais voltaria ali novamente, não veria mais meus amigos, que todos os meus sonhos agora ficariam para trás.
- Amiiga, espera! - ouvi Carina gritar meu nome, logo quando o carro partia.
- Dá pra parar! Espere!- sai do carro, ao seu encontro.
- Você não pode ir, não precisa ir, fica aqui, você mora comigo. Não vai! Eu te peço! - senti uma dor imensa ao ouvir isso dela, com lágrimas escorrendo por todo o rosto.
- Amiga, sabe que preciso ir.
- Mas por quê? Você está destruindo nossa amizade agora.
- Já me sinto péssima em ir, não me faça sentir culpada! Fui em sua casa, você não quis falar comigo, não atendeu meus telefonemas.
- Eu sei, me desculpa, mas é porque não quero que você vá embora.
- Mas agora é tarde amiga. Mas não me esquecerei de você, não se preocupa.
- Vamos, Bárbara, está na hora. - tia Flórida, já gritava por mim.
- Tenho que ir agora- disse a ela.
- Espera, tenho que te dar algo. - ela tirou do pulso a sua pulseira, que tanto amava e colocou no meu braço.
- Isso agora te pertence, você sempre a quis. É para você nunca esquecer de mim, viu?
- Claro, claro. Te amo amiga. Não é por causa dela que não vou te esquecer. Você está no meu coração pra sempre já.
Nos abraçamos. Sentia falta daquele abraço. Desde que anunciei que ia partir, ela não flava mais comigo. As lágrimas e sorrisos marcaram este momento, este adeus.
- Vá, antes que a bruxa venha nos pegar. Te amo amiga, para sempre. Se cuida. Não me esqueça!
- Jamais!- gritei e saí.
Carina viveu comigo por toda minha infância. Por toda minha pré- adolescência. Por todo o momento difícil que passei há pouco tempo. Ela que dormia comigo a noite quando via que ia acabar fazendo bobagem, ela que me acudiu quando desmaiei na escola a receber a notícia da morte de minha mãe. Ela que transformou minha vida, trazendo alegria novamente para minha vida. Ela foi a última pessoa que me viu feliz.

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