sábado, 24 de outubro de 2009

Capitulo 1 (parte 3)

- Bárbara, está viva?- ouvi uma voz no meu ouvido
- sim, opa! que horas já são?
- São sete da manhã! Você dorme desde as cinco da tarde.
- Me desculpem. É que precisava.
- Não, tudo bem, só queria saber se ainda estava viva. Mas parece que sim. Vou deixar você se aprontar. - foi então que percebi que não era Bruna, mas sim Racchel.
Depois desci, não sabia como eram os costumes deles, minha mais nova família. Peguei meu fone de ouvido e desci as escadas. O café já estava exposto na mesa, pareciam que todos estavam a minha espera.
- A bela adormecida então está viva. - disse tio Enario
- Oi tio, que saudades de você. - fui ao seu encontro, dando um abraço.
Ele era meu parente favorito. Durante minha infância, ele foi um pai para mim.
- Minha princesa, cada dia mais linda! Como estamos? Está gostando daqui?
- Ela ainda não teve tempo para nada. Chegou e logo dormiu. Mas hoje irá no clube, conhecer os futuros colegas de sala. Falando nisso, Bárbara, em qual série você faz? Eu lhe matriculei na mesma turma das meninas, o 2º ano. É essa?
- Sim tia, fazia essa série lá.
- Pois mais tarde você me lembre de lhe dar se horário escolar, está bem?
- Tá tia.
- Nossa, do jeito que o povo da escola é, os meninos todos irão voar em cima da Bárbara! - disse Racchel, um pouco empolgada.
- Que nada!
- Você não conhece...
- Vamos deixar a menina lanchar, aposto que ela está faminta. - disse Bruna

Durante todo o café, as meninas me informaram tudo que acontecia na escola. Os mais cobiçados, as mais metidas, tudo. Não me empolguei, mas também não poderia mostrar minha infelicidade naquele lugar. Não na frente deles, que pareciam gostar da nova integrante da família.
Após o café fomos ao Mercantil que lá tinha, perto da casa, para comprar meu novo material escolar. Foi lá, no estacionamento que de repente, um rapaz interrompeu toda a conversa, todo o riso, toda a concentração. Ele tinha uma cara de ser "o" cara. Muito bossal até, mas muito charmoso. Lindo, mas que parecia não valer apena tentar se apaixonar.
- Fecha a boca dela, se não ela baba. - disse Racchel num tom brincalhão ( desde quando ela era assim?), ao cutucar Bruna.
- Cuidado, ele já tem dona viu?!- disse Bruna
- Calma! Não tô fazendo nada, só observando. Quem é esse?
- Diego. Perfeito essa boquinha dele, ele é todo perfeito né? Mas não se empolga, tem dona, já!- falou Racchel.
- Ele é chamativo sim, mas não isso tudo que você diz!
- Quê? Você tá louca? Ele é perfeito!- quase Racchel gritou
- Vocês podem nos dar licença? - disse um homem com cara meio rabugenta para nós. Foi então que vi, que parecíamos três bobas paradas olhando para aquela belezinha, que não era pro nosso bico, no meio da calçada, impedindo a todos de passar.
- Claro, pois não- eu disse, com vergonha daquele papelão. - Vamos logo, antes que passamos outra vergonha aqui.
Atravessamos a rua, e o olhar dele nos encontrou, um olhar de insignificância, como se ele pensasse ter ouvido um barulho, mas não tinha nada. Isso parece ter desapontado um pouco as meninas.
Quando terminamos, ele não estava mais lá, só o carro preto em que ele se escorava no momento anterior. Seguimos nosso rumo, mas sem falar dele, um desaponto para mim. Não tinha achado ele interessante, mas queria saber um pouco dele, o por quê dele tanto chamar a atenção.

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